sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Resposta ao desafio desta semana

Olá amiguinhos, o nosso Luís Caetano foi mais uma vez o primeiro a responder ao nosso desafio.

Parabéns Luís!!!! Continua a participar.



Diálogo com:

Sr.Correia e a sua esposa

- Está?

-Está? És tu, Susana?

-Sou eu mesmo? Que há?

- Nada, é só para saber se queres ir esta noite ao Tivoli.

-Dizem que o filme é muito bom. Estás interessada?

-Se estou... Acho que tiveste uma óptima ideia. Oxalá arranjes bilhetes.

-Penso que sim, é segunda-feira...

-Tens razão, normalmente às segundas- feiras há pouca gente.

-Está pronta às 8.

-Está descansado. Estarei pronta.

-Então, até logo.

-Até logo, querido.

Diálogo com:

Mário e Carlos

- Está?

-O Carlos está?

-Está sim. - Quem fala?

-Sou eu, o Mário. Como vai isso?

-Óptimo! -E tu que tens feito?

-Tenho andado com muito trabalho esta semana. Tive um ponto de Português e outro de Matemática.

-Então talvez agora nos pudéssemos encontrar.

-Claro. Podia lá faltar!

-É por isso que te telefono. Amanhã vem cá o António e o Diogo e gostava que tu viesses também.

- Pode ser?

-Está óptimo. Saio da escola às 3.

-Vai ser uma tarde bem passada. Tirei umas fotografias para um trabalho de Ciências e gostava de ouvir a tua opinião. A que horas podes vir?

-Por volta das 4 horas. Está bem?

-Então está combinado. Até amanhã, Mário.

-Até amanhã, Carlos. Cá te espero às 4.


quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Cruzamento de linhas


O desafio desta semana é o seguinte:


O Mário marcou, pelo telefone, um encontro com o Carlos.
O Sr. Correia, pelo mesmo meio de comunicação, propôs à mulher uma ida ao cinema. Aconteceu porém que as linhas se cruzaram...


Procura reconstruir os diálogos
Envia a tua proposta para cleitura@mail.com


Ficamos à espera da tua participação.

-Está?
-Está? És tu, Susana?
-O Carlos está?
-Está sim. Que há?
-Sou eu mesmo. Quem fala?
-Nada, é só para saber se queres ir esta noite ao Tivoli.
-Dizem que o filme é muito bom. Estás interessada?
-Sou eu, o Mário. Como vai isso?
-Se estou... Acho que tiveste uma óptima ideia. Oxalá arranjes bilhetes.
-Óptimo! E tu que tens feito?
-Penso que sim, é segunda-feira...
-Então talvez agora nos pudéssemos encontrar.
-Tens razão, normalmente às segundas- feiras há pouca gente.
-Tenho andado com muito trabalho esta semana. Tive um ponto de Português e outro de Matemática.
-Está pronta às 8.
-Claro. Podia lá faltar!
-É por isso que te telefono. Amanhã vem cá o António e o Diogo e gostava que tu viesses também.
- Pode ser?
-Está descansado. Estarei pronta.
-Por volta das 4 horas. Está bem?
-Então até logo.
-Até amanhã.
-Está óptimo. Saio da escola às 3.
-Vai ser uma tarde bem passada. Tirei umas fotografias para um trabalho de Ciências e gostava de
ouvir a tua opinião. A que horas podes vir?
-Então está combinado. Até amanhã, Mário.
-Até logo, querido.
-Até amanhã, Carlos. Cá te espero às 4.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A Família dos Ds

Mais uma contribuição de um aluno, desta feita foi o nosso amiguinho Diogo Santos, do 6ºB, que enviou o seu texto. Obrigada Diogo. Continua a participar!!!!!


Dina é o nome da minha tia. Domingos é o nome do meu tio, irmão do meu pai que se chama Dimas. Tenho um avô Diogo e uma avó Dilar. A minha mãe chama-se Débora e os pais da minha mãe chamam-se Duarte e Diolinda. Mas há mais: há a minha prima Daniela, a tia Denise, casada com o doutor Dias, as minhas primas Dalila e Diana e a minha irmã Dália, que ainda é muito pequenina para saber o nome. Quem assim fala dos seus parentes, todos da distinta família dos Ds grandes, é o D ainda pequeno – Chamo-me Dinis -diz ele - era para ser Carlos, calculem! Mas o meu avô Diogo, quando isto ouviu, segredou ao meu tio Dias e o meu tio Dias segredou à minha prima Dalila e a minha prima Dalila segredou ao meu tio Domingos que deu um encontrão ao meu pai que se preparava para escrever Carlos no livro de registo, e disse-lhe em voz alta “Carlos é com C. O rapaz tem de ter um nome começado por D, ou já te esqueceste?” O meu pai ficou muito corado e então escreveu por cima “Dinis”. E Dinis fiquei.

Sou do Douro, mas podia ter nascido num distrito qualquer ou na Dinamarca, quem sabe… Ainda gostava de lá ir um dia.


Diogo Santos

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A galinha Ruiva

A galinha ruiva achou umas espigas de trigo.

Ela chamou o gato. Ela chamou o ganso. Ela chamou o

porco.

A galinha ruiva disse:

– Quem me ajuda a semear o trigo?

– Eu não – disse o gato.

– Eu não – disse o ganso.

– Eu não – disse o porco.

– Então semeio eu o trigo – disse a galinha ruiva.

E a galinha ruiva semeou o trigo.

O trigo cresceu.

A galinha ruiva disse:

– Quem me ajuda a ceifar o trigo?

– Eu não – disse o gato.

– Eu não – disse o ganso.

– Eu não – disse o porco.

– Então ceifo eu o trigo – disse a galinha ruiva.

E a galinha ruiva ceifou o trigo e levou-o para o moinho.

Depois de ter já o trigo moído e feito em boa farinha, a galinha ruiva disse:

– Quem me ajuda a fazer o pão?

– Eu não – disse o gato.

– Eu não – disse o ganso.

– Eu não – disse o porco.

– Então faço eu o pão – disse a galinha ruiva.

E a galinha ruiva amassou o pão, que ficou muito bem amassado, e cozeu-o no forno, muito bem cozido.

– Quem me ajuda a comer o pão?

O gato disse:

– Miau! Miau! Miau! Quero eu, quero eu, quero eu.

O ganso disse:

– Quá! Quá! Quá! Quero eu, quero eu, quero eu!

O porco disse.

– Gurnin! Gurnin! Gurnin! Quero eu, quero eu, quero

eu!

A galinha ruiva disse:

– Vocês não me ajudaram a semear o trigo. Vocês não me ajudaram a ceifar o trigo. Vocês não me ajudaram a fazer o pão. Pois então vocês não me ajudarão a comer o pão. Os meus pintainhos comerão o pão.

E a galinha ruiva e os pintainhos comeram o pão.

Quem não trabuca não manduca.

Está contada a história. Está dada a lição.

António Torrado, A Galinha Ruiva,  Editora Verbo

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A família dos Ls


Mais uma vez o nosso amiguinho Luís Caetano, do 6º B, foi o primeiro a participar no desafio proposto para esta semana. Muito obrigada Luís.

ficamos à espera das restantes participações. Todos os textos enviados serão publicados.



A Família dos Ls


- Luísa é o nome da minha tia. Leonardo é o nome do meu tio, irmão do meu pai que se chama Lopes. Tenho um avô Lourenço e uma avó Lurdes. A minha mãe chama-se Lina e os pais da minha mãe, Lucas e Lúcia.Mas há mais: há a minha prima Lucília, a tia Leonor, casada com o Doutor Luciano, as minhas primas Lena e Lídia a minha irmã Liliana, que ainda é muito pequenina para saber o nome.Quem assim fala dos seus parentes, todos da Leal família dos Ls grandes, é o L ainda pequeno- Chamo-me Luís - diz ele. - Era para ser Manuel, calculem!Mas o meu avô Lourenço, quando isto ouviu, segredou ao meu tio Luciano e o meu tio Luciano segredou à minha prima Lena e a minha prima Lena segredou ao meu tio Leonardo e o meu tio Leonardo deu um encontrão ao meu pai, que se preparava para escrever Manuel no livro do registo, e disse-lhe em voz alta: "Manuel é com M, homem! O rapaz tem de ter um nome começado por L.” " O meu pai ficou muito corado e então escreveu por cima: "Luís". E Luís fiquei.Sou de Lisboa, mas também podia ter nascido numa localidade qualquer ou em Luxemburgo, quem sabe... Ainda lá gostava de ir, um dia, de lambreta, claro.Hão-de estranhar que tenha nascido em Portugal, que não começa por L, mas não se esqueçam que está situado na Península Lusitana, pois então?Nunca me perco. E não julguem que sou louco. Antes pelo contrário, tenho muitas lembranças e algumas fixas.Por exemplo: gostava, quando for grande, de ser lenhador. Luís, O lenhador imbatível, legível, ladino! Isto num grande cartaz luxuoso. Claro que é tudo luzidio, faculdade de que não sou desprovido, podem crer.Devem talvez achar a minha conversa uma tontice da loucura, uma lenda, uma manifestação de lei. Acham que falo caro, que falo letrado? Talvez.Conheço como os meus dedos todas as palavras do dicionário começadas por L.De lápis espetado aprendi a ler todas elas. Perguntem-me o que é lapiseira. Eu sei. O que é leira. Eu sei. O que é leilão. Eu sei. Sou o sábio dos Ls. Tanto assim que, quando em pequeno me perguntavam o alfabeto, eu recitava assim: L, A,B,C,D,E,... Porque é que o A há-de ser o primeiro?Lebre e leão começam por L, tal como eu.E, por favor, não me chamem leitor!

Luís Caetano- 6º B

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Trava-línguas do "P"

"Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos. Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir. Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres. Porém, pouco praticou, pois Padre Pafúncio pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas. Pálido, porém personalizado, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris. Partindo para Paris, passou pelos Pirinéus, pois pretendia pintá-los. Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se principalmente pelo Pico, pois pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas. Pisando Paris, pediu permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precatar-se. Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal. Povo previdente! Pensava Pedro Paulo...Preciso partir para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses. Passando pela principal praça parisiense, partindo para Portugal, pediu para pintar pequenos pássaros pretos. Pintou, prostrou perante políticos, populares, pobres, pedintes.

- Paris! Paris! - proferiu Pedro Paulo - parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir.

Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém, Papai Procópio partira para Província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas. Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu:

- Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias?

- Papai - proferiu Pedro Paulo - pinto porque permitiste, porém preferindo,poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal.

Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: pedreiro! Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando. Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus. Partindo pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro. Pisando por pedras pontudas, Papai Procópio procurou Péricles, primo próximo, pedreiro profissional perfeito. Poucas palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena parcela para Péricles profissionalizar Pedro Paulo. Primeiramente Pedro Paulo pegava pedras, porém, Péricles pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar pintores práticos. Particularmente Pedro Paulo preferia pintar prédios. Pereceu pintando prédios para Péricles, pois precipitou-se pelas paredes pintadas.

Pobre Pedro Paulo, pereceu pintando..."

Permitam-me, pois, pedir perdão pela paciência, pois pretendo parar para pensar... 

(autor desconhecido) 

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A Família dos Is



- Ilda é o nome da minha tia. Ildefonso é o nome do meu tio, irmão do meu pai que se chama Inácio. Tenho um avô Isidro e uma avó Isaura. A minha mãe chama-se Irene e os pais da minha mãe, Ilídio e Isolina.
Mas há mais: há a minha prima Inês, a tia Idalina, casada com o Doutor Isidoro, as minhas primas Isilda e Isabel e a minha irmã Ivone, que ainda é muito pequenina para saber o nome.
Quem assim fala dos seus parentes, todos da ilustre família dos Is grandes, é o I ainda pequeno.
- Chamo-me Ivo - diz ele. - Era para ser Hilário, calculem!
Mas o meu avô Isidro, quando isto ouviu, segredou ao meu tio Isidoro e o meu tio Isidoro segredou à minha prima Isilda e a minha prima Isilda segredou ao meu tio Ildefonso e o meu tio Ildefonso deu um encontrão ao meu pai, que se preparava para escrever Hilário no livro do registo, e disse-lhe em voz alta: "Hilário é com H, homem!
" O meu pai ficou muito corado e então escreveu por cima: "Ivo". E Ivo fiquei.
Sou de Ílhavo, mas também podia ter nascido numa ilha qualquer ou em Itália, quem sabe... Ainda lá gostava de ir, um dia, de iate, claro.
Hão-de estranhar que tenha nascido em Portugal, que não começa por I, mas não se esqueçam que está situado na Península Ibérica, pois então?
Nunca me perco. E não julguem que sou ignorante. Antes pelo contrário, tenho muitas ideias e algumas fixas.
Por exemplo: gostava, quando for grande, de ser ilusionista. Ivo, O Ilusionista imbatível, inimitável, incrível! Isto num grande cartaz iluminado. Claro que é tudo imaginação, faculdade de que não sou desprovido, podem crer.
Devem talvez achar a minha conversa uma tontice da infância, uma ingenuidade, uma manifestação de inocência. Acham que falo caro, que falo importante? Talvez.
Conheço como os meus dedos todas as palavras do dicionário começadas por I.
De indicador espetado aprendi a ler todas elas. Perguntem-me o que é intempérie. Eu sei. O que é intelectual. Eu sei. O que é invólucro. Eu sei. Sou o sábio dos Is. Tanto assim que, quando em pequeno me perguntavam quais eram as vogais, eu recitava assim: I, A, E, O, U. Porque é que o A há-de ser o primeiro?
Inteligente e instruído começam por I, tal como eu.
E, por favor, não me chamem idiota!

António Torrado

Amiguinhos,
o desafio desta semana é um pouco mais complicado, mas não menos interessante.
Proponho que, depois de leres e releres o texto "A Família dos Is" de António Torrado, imagina que era o e pequeno, o Ernesto, a contar a sua história. Seguindo a fala do Ivo, escreve a fala do Ernesto, procedendo às necessárias adaptações (usa a 1.ª pessoa, como se fosses tu o e pequeno)
Podes também partir da inicial do teu nome próprio para escrever a história dessa letra.
O melhor texto será publicado aqui no nosso blogue e no Jornal do Agrupamento.


Fico à espera dos vossos textos.


segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A lenda das amendoeiras- Algarve



Há muito tempo, antes da independência de Portugal, quando o Algarve pertencia aos mouros, havia ali um rei mouro que desposara uma rapariga do norte da Europa, à qual davam o nome de Gilda.
Era encantadora essa criatura, a quem todos chamavam a "Bela do Norte", e por isso não admira que o rei, de tez cobreada, tão bravo e audaz na guerra, a quisesse para rainha.
Apesar das festas que houve nessa ocasião, uma tristeza se apoderou de Gilda. Nem os mais ricos presentes do esposo faziam nascer um sorriso naqueles lábios agora descorados: a "Bela do Norte" tinha saudades da sua terra.
O rei consegui, enfim, um dia, que Gilda, em pranto e soluços, lhe confessasse que toda a sua tristeza era devida a não ver os campos cobertos de neve, como na sua terra.
O grande temor de perder a esposa amada sugeriu, então, ao rei uma boa ideia. Deu ordem para que em todo o Algarve se fizessem plantações de amendoeiras, e no princípio da Primavera, já elas estavam todas cobertas de flores.
O bom rei, antevendo a alegria que Gilda havia de sentir, disse-lhe:
- Gilda, vinde comigo à varanda da torre mais alta do castelo e contemplareis um espectáculo encantador!
Logo que chegou ao alto da torre, a rainha bateu palmas e soltou gritos de alegria ao ver todas as terras cobertas por um manto branco, que julgou ser neve.
- Vede - disse-lhe o rei sorrindo - como Alá é amável convosco. Os vossos desejos estão cumpridos!
A rainha ficou tão contente que dentro em pouco estava completamente curada. A tristeza que a matava lentamente desapareceu, e Gilda sentia-se alegre e satisfeita junto do rei que a adorava. E, todos os anos, no início da Primavera, ela via do alto da torre, as amendoeiras cobertas de lindas flores brancas, que lhe lembravam os campos cobertos de neve, como na sua terra.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O Soldadinho de Chumbo




O Soldadinho de Chumbo é um conto de fadas escrito por Hans Christian Andersen e publicado pela primeira vez em 1838.

Conta a história de um boneco que tem apenas uma perna e que se apaixona por uma bailarina que também é uma boneca. Foi o primeiro conto escrito totalmente pelo autor e não tem um final feliz

Aqui fica o conto

Era uma vez vinte e cinco soldados de chumbo, todos irmãos, porque tinham sido todos feitos da mesma colher de cozinha. Tinham armas aos ombros e olhavam em frente, muito elegantes nos seus uniformes encarnados e azuis. — Soldados de chumbo! — foi a primeira coisa que ouviram neste mundo, quando levantaram a tampa da caixa onde estavam.
Um rapazinho tinha dado esse grito e batido as palmas; tinham-lhos dado como prenda de anos, e ele colocou-os em cima de uma mesa. Os soldados eram todos iguais uns aos outros — excepto um, que só tinha uma perna; fora o último a ser moldado e já não havia chumbo que chegasse. No entanto, mantinha-se de pé tão bem como os outros que tinham duas pernas, e é ele o herói desta história.
Na mesa onde os colocaram havia muitos outros brinquedos, mas aquele em que se reparava logo era um castelo de papel. Pelas suas janelinhas via-se o interior das salas. À frente havia pequenas árvores à volta de um pedaço de espelho, a fingir que era um lago. Cisnes de cera pareciam flutuar na sua superfície e olhavam para o seu reflexo. Toda a cena era um encanto, mas o mais bonito de tudo era uma menina que estava à porta; também ela era feita de papel, mas tinha uma fina saia de musselina, uma estreita fita azul cruzada nos ombros, como se fosse um xaile, presa por uma brilhante lantejoula quase do tamanho da cara. A encantadora criaturinha tinha os braços estendidos, porque era uma bailarina; tinha mesmo uma perna tão levantada que o soldado de chumbo nem conseguia vê-la; então ele pensou que ela só tinha uma perna, tal como ele.
"Ora aí está a mulher que me convém", pensou ele. "Mas é tão importante; ela vive num castelo, e eu tenho uma caixa... e estamos vinte e cinco lá dentro! Não há espaço para ela, com certeza. Mas posso tentar conhecê-la."
Então, deitou-se ao comprido atrás de uma caixa de rapé que estava em cima da mesa; daí podia ver bem a dançarina de papel, que continuava de pé numa só perna sem perder o equilíbrio.
Quando anoiteceu, todos os outros soldados de chumbo foram guardados na caixa e as crianças foram para a cama. Nessa altura, os brinquedos começaram a brincar; jogaram às visitas, às escolas, às batalhas e às festas. Os soldados de chumbo chocalhavam na caixa, porque também queriam brincar, mas não conseguiam levantara tampa. Os quebra-nozes davam cambalhotas e a pena da ardósia rangia a escrever; o barulho era tanto que o canário acordou e se meteu na conversa — melhor ainda, fê-lo em verso. Os dois únicos que não se mexeram foram o soldado de chumbo e a pequena bailarina; ela continuava apoiada na ponta do pé, com os braços estendidos; ele parado firmemente na sua única perna, sem nunca tirar os olhos dela.
O relógio bateu a meia-noite. Crac! — a tampa da caixa de rapé abriu-se e saltou de lá de dentro um duendezinho negro. Não havia rapé dentro da caixa — afinal era um truque, um boneco que saltava de uma caixa.
— Soldado de chumbo! — guinchou o duende. — Deixa de olhar para ela!
Mas o soldado de chumbo fingiu não ouvir.
— Muito bem, então amanhã vais ver! — disse o duende.
Quando amanheceu e as crianças se levantaram outra vez, puseram o soldado de chumbo no parapeito da janela. Pode ter sido culpa do duende, ou talvez de uma corrente de ar — seja como for, a janela abriu-se de repente, e o soldado de chumbo caiu da altura de três andares para a rua. Foi uma queda terrível! A perna apontava para cima, tinha a cabeça para baixo, e acabou por ficar com a baioneta espetada entre as pedras da calçada.
A criada e o rapazinho foram para a rua à procura dele, mas, embora quase o pisassem, não conseguiram vê-lo. Se ele tivesse gritado: "Estou aqui!", tê-lo-iam encontrado facilmente, mas ele achou que não era um comportamento correcto começar a gritar estando fardado.
Depois, começou a chover; caíam grossas pingas — era um valente aguaceiro. Quando acabou, passaram por ali dois rapazitos da rua.
— Olha! Disse um deles. — Está aqui um soldado de chumbo. Vamos metê-lo num barco.
Fizeram um barco de papel de jornal, puseram o soldado de chumbo no meio e fizeram-no deslizar pela valeta cheia de água. Lá foi ele a toda a velocidade e os dois rapazitos corriam a seu lado a bater palmas. Meu Deus, que grandes ondas havia naquela valeta, que marés! Tinha sido uma grande chuvada. O barco de papel balançava para baixo e para cima, por vezes andando às voltas, até o soldado de chumbo ficar completamente tonto. Mas manteve-se firme como sempre, sem mexer um músculo, sempre a olhar em frente e com a arma ao ombro.
De repente, o barco entrou num túnel. Oh, como estava escuro, tão escuro como na caixa lá em casa!
"Para onde irei agora?", pensou o soldado de chumbo. "Sim, isto deve ser obra do duende. Ah! Se ao menos a jovem estivesse aqui no barco comigo, não me importava que a escuridão fosse duas vezes maior."
Subitamente, da sua casa no túnel, saiu uma grande ratazana da água.
— Tens passaporte? — perguntou. — Não podes entrar sem passaporte!
Mas o soldado de chumbo não disse uma palavra; limitou-se a segurar a arma ainda com mais força. O barco seguiu em frente, e, atrás dele, a ratazana, a persegui-lo. Ai! Como ela rangia os dentes e gritava para os paus e palhas que boiavam na água:
— Obriguem-no a parar! Agarrem-no! Não pagou a portagem! Não mostrou o passaporte!
Mas nada conseguia fazer parar o barco, porque a corrente era cada vez mais forte. O soldado de chumbo avistou a luz do dia no fim do túnel, mas, ao mesmo tempo, ouviu um rugido que bem podia ter assustado o homem mais valente. Imaginem! Mesmo no fim do túnel, a corrente desembocava num grande canal. Era tão terrível para ele como seria para nós um mergulho numa gigantesca queda de água.
Mas como podia ele parar? Já estava perto da beira. O barco continuou a sua corrida, e o pobre soldado de chumbo aguentou-se o mais firme possível — ninguém podia dizer que tivesse piscado um olho.
De repente, o pequeno barco rodopiou três ou quatro vezes e encheu-se de água até acima; que podia acontecer senão afundar-se?! O soldado de chumbo ficou de pé, com água até ao pescoço; o barco afundava-se cada vez mais, com o papel a ficar todo mole, até que, por fim, a água cobriu a cabeça do soldado de chumbo. Ele pensou na linda bailarina que nunca mais veria e lembrou-se da letra de uma canção:
Em frente, em frente, soldado do império!
Não receies o perigo nem o cemitério!
Depois, o barco de papel desfez-se completamente.
O soldado de chumbo caiu e foi logo engolido por um peixe.
Oh, como estava escuro na barriga do peixe! Ainda era pior do que o túnel e muito mais apertado. Mas a coragem do soldado de chumbo manteve-se inalterável; lá ficou, firme como sempre, ainda de arma ao ombro. O peixe nadava que nem um louco, virava-se e revirava-se, e depois ficou absolutamente quieto. Qualquer coisa luziu como um relâmpago — e então tudo à sua volta ficou claro como o dia e uma voz gritou:
— O soldado de chumbo!
O peixe tinha sido pescado, levado para a praça, vendido e levado para a cozinha, onde a cozinheira o cortara com uma grande faca. Pegou no soldado, segurando-o pela cintura com o polegar e o indicador, e levou-o para a sala, para que toda a família visse a extraordinária personagem que tinha viajado dentro do peixe. Mas o soldado de chumbo não se sentia nada orgulhoso. Puseram-no de pé em cima da mesa e então — bem, o mundo é assim mesmo! — ele viu que estava na mesma sala onde as suas aventuras tinham começado; lá estavam as mesmas crianças; lá estavam os mesmos brinquedos; lá estava o belo castelo de papel com a graciosa bailarina à porta. Continuava apoiada num perna, com a outra bem levantada no ar. Ah! Ela também era firme! O soldado de chumbo estava profundamente comovido; gostaria de ter chorado lágrimas de chumbo, mas isso não era comportamento de um soldado. Olhou para ela, e ela olhou para ele, mas não trocaram uma palavra.
E então aconteceu uma coisa estranha. Um dos rapazinhos pegou no soldado de chumbo e atirou-o para a lareira. Não tinha qualquer motivo para fazer isto; deve ter sido outra vez culpa do duende da caixa de rapé.
O soldado de chumbo ficou emoldurado pelas chamas. O calor era intenso, mas se vinha do lume ou do seu amor ardente ele não sabia. As suas cores brilhantes já tinham desaparecido — mas se tinham sido lavadas pela água durante a viagem ou pelo seu desgosto ninguém sabia. Olhou para a linda bailarina, e ela olhou para ele; sentiu que estava a derreter-se, mas continuou firme, de arma ao ombro. Subitamente, a porta abriu-se; uma aragem apanhou a bailarina de papel, que voo como uma sílfide direitinha à lareira e ao soldado de chumbo, que a esperava; aí se transformou numa chama e desapareceu.
O soldado também derreteu rapidamente, ficando reduzido a um montinho de chumbo; e no dia seguinte, quando a criada limpou a lareira, encontrou-o entre as cinzas — do feitio de um coraçãozinho de chumbo. E a bailarina? Dela só encontraram a lantejoula, preta como a fuligem.

Hans Christian Andersen


Texto recolhido em http://guida.querido.net

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Dia Mundial da Alimentação


Hoje é o Dia Mundial da Alimentação.

Essa data foi criada em 1945 pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação.

O objetivo do Dia Mundial da Alimentação é consciencializar as pessoas sobre a difícil situação de quem passa fome e, por causa disso, está desnutrida. Neste dia, as pessoas param para refletir também sobre o desperdício de alimentos. Todos os anos, mais de 150 países lembram a data.

A propósito deste dia poderão consultar o site:

http://web.educom.pt/pr1305/alimenta.htm

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Resposta às adivinhas



Caros amiguinhos,

cá estou eu para anunciar o resultado do desafio "Adivinhas".
Mais uma vez o nosso membro Luís Caetano do 6ºB foi o mais rápido e certeiro a responder ao desafio.
Parabéns Luís!!!!

Aqui ficam as respostas:

1. Ponteiros do relógio
2. Prato
3. Cenoura
4. Porta
5. Noz
6. Cebola

Obrigada pela vossa participação!!!!
Até à próxima.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Recordações

O escritor Hans Christian Andersen sempre me fascinou com a sua obra. Aqui fica um texto de Ana Maria Magalhães sobre o autor e a sua infância.





Hans entrou em casa com uma braçada de lenha e foi empilhá-la ao canto da lareira. Estava cheio de frio, mas as chamas não o podiam aquecer, porque o gelo se acumulava no seu coração. O pai tinha partido para a guerra nessa mesma tarde. Decidira seguir Napoleão, alistar-se no exército francês.
Ele bem queria não pensar nisso, mas tudo naquela sala lhe lembrava o pai. Ninguém se dera ao trabalho de esconder a caneca de cerveja, as botas de neve, as tiras de couro e as agulhas muito grossas com que remendava solas e fazia sapatos.
Cabisbaixo, foi buscar o banco de madeira onde costumava sentar-se à espera da ceia, quando a avó o interpelou num tom bastante ríspido:
- Preciso que vás buscar água ao poço. Traz-me o balde maior.
Ele olhou-a surpreendido. O balde maior era enorme, não tinha forças para o transportar.
Como se lhe tivesse lido os pensamentos, a mãe interveio:
- Agora és tu o homem da casa...
A frase cravara-se-lhe no peito como uma punhalada. “O homem da casa? Mas só tenho oito anos!”
No entanto, era assim mesmo. Na família só havia mulheres: a avó, a mãe, a irmã. E todas olhavam para ele, na esperança de que as ajudasse a vencer a miséria.
Para ganhar a vida, começou por trabalhar numa fábrica, de onde foi despedido pouco depois, porque não tinha jeito nenhum para as tarefas.
O emprego seguinte também não lhe agradou nada: aprendiz numa loja de alfaiate. Não dispondo de habilidade manual, devia ser um tormento!
A responsabilidade excessiva que pesava nos seus ombros frágeis encheu-lhe a alma de melancolia. Assim, nas horas vagas, em vez de brincar com os rapazes da mesma idade, refugiava-se num canto a ler e a escrever poemas.
Certo dia, porém, teve um encontro muito animador. Na vizinhança, havia uma velha que todos consultavam para saber o futuro, porque tinha fama de adivinha.
Hans cruzou-se com ela à saída da igreja e, para seu grande espanto, a feiticeira segurou-o por um braço com um ar entusiasmadíssimo:
- Hans Christian Andersen! Quando fores muito famoso não te esqueças de mim!
- Famoso, eu?
- Sim. Vejo nos teus olhos a glória, a riqueza e a fama.
E pegando-lhe avidamente nas mãos, pôs-se a estudar as linhas que riscam a pele, como se lesse num livro.
- Eh! O que para aqui vai de sucesso! Tanta coisa boa, meu filho.
Ele nunca mais sossegou, ansioso por ir em busca do tal destino magnífico que a velha anunciara. E insistia com a mãe.
- Deixe-me ir para a capital. Deixe-me ir para Copenhaga. Para vencer na vida tenho que sair daqui.
- A mãe hesitava. A avó achava um disparate. A irmã ria-se. Mas a velha acabou por convencê-las.

Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, in “Público Júnior”, nº34, Novembro 1990

segunda-feira, 13 de outubro de 2008



Olá amiguinhos!
Aqui vos deixo mais um desafio.
Lê com atenção as adivinhas e se souberes as respostas envia-as para:


cleitura@gmail.com


Conto com a vossa participação.

1. Dois irmãos do mesmo nome, vão marchando com afinco, mas um dá sessenta passos, enquanto o outro dá cinco.


2. É bom para se comer, mas não se come assado nem cru, nem cozinhado, o que é?

3. Faço os olhos bonitos e os coelhos são doidos por mim, cresço de pé e sirvo para pratos sem fim.

4. Foi feita para impedir, também para deixar passar, meu dono pode-me abrir que esse nunca vai roubar.

5. É uma caixinha, de bem-querer, não há carpinteiro, que a saiba fazer?

6. É uma senhora muito esbelta, que com finos véus se aperta, quem tiver que desapertar, muitas lágrimas há-de chorar.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O Flautista de Hamelin

Há muito, muitíssimo tempo, na próspera cidade de Hamelin, aconteceu algo muito estranho: uma manhã, quando seus gordos e satisfeitos habitantes saíram de suas casas, encontraram as ruas invadidas por milhares de ratos que iam devorando, insaciáveis, os grãos dos celeiros e a comida de suas bem providas despensas.
Ninguém conseguia imaginar a causa de tal invasão e, o que era pior, ninguém sabia o que fazer para acabar com tão inquietante praga.
Por mais que tentassem exterminá-los, ou ao menos afugentá-los, parecia ao contrário que mais e mais ratos apareciam na cidade. Tal era a quantidade de ratos que, dia após dia, começaram a esvaziar as ruas e as casas, e até mesmo os gatos fugiram assustados.
Ante a gravidade da situação, os homens importantes da cidade, vendo perigar suas riquezas pela voracidade dos ratos, convocaram o conselho e disseram: Daremos cem moedas de ouro a quem nos livrar dos ratos.
Pouco depois se apresentou a eles um flautista taciturno, alto e desengonçado, a quem ninguém havia visto antes, e lhes disse: "A recompensa será minha. Esta noite não haverá um só rato em Hamelin".
Dito isso, começou a andar pelas ruas e, enquanto passeava, tocava com sua flauta uma melodia maravilhosa, que encantava aos ratos, que iam saindo de seus esconderijos e seguiam hipnotizados os passos do flautista que tocava incessantemente.
E assim ia caminhando e tocando, levou-os a um lugar muito distante, tanto que nem sequer se poderia ver as muralhas da cidade.





Por aquele lugar passava um caudaloso rio onde, ao tentar cruzar para seguir o flautista, todos os ratos morreram afogados.
Os hamelineses, ao se verem livres das vorazes tropas de ratos, respiraram aliviados. E, tranqüilos e satisfeitos, voltaram aos seus prósperos negócios e tão contente estavam que organizaram uma grande festa para celebrar o final feliz, comendo excelentes manjares e dançando até altas horas da noite.
Na manhã seguinte, o flautista se apresentou ante o Conselho e reclamou aos importantes da cidade as cem moedas de ouro prometidas como recompensa. Porém esses, liberados de seu problema e cegos por sua avareza, reclamaram: “Saia de nossa cidade! Ou acaso acreditas que te pagaremos tanto ouro por tão pouca coisa como tocar a flauta?".
E, dito isso, os honrados homens do Conselho de Hamelin deram-lhe as costas dando grandes gargalhadas.
Furioso pela avareza e ingratidão dos hamelineses, o flautista, da mesma forma que fizera no dia anterior, tocou uma doce melodia uma e outra vez, insistentemente.
Porem esta vez não eram os ratos que o seguiam, e sim as crianças da cidade que, arrebatadas por aquele som maravilhoso, iam atrás dos passos do estranho músico. De mãos dadas e sorridentes, formavam uma grande fileira, surda aos pedidos e gritos de seus pais que, em vão, entre soluços de desespero, tentavam impedir que seguissem o flautista.
Nada conseguiram e o flautista os levou longe, muito longe, tão longe que ninguém poderia supor onde, e as crianças, como os ratos, nunca mais voltaram.
E na cidade só ficaram a seus opulentos habitantes e seus bem repletos celeiros e bem cheias despensas, protegidas por suas sólidas muralhas e um imenso manto de silêncio e tristeza.
E foi isso que se sucedeu há muitos, muitos anos, na deserta e vazia cidade de Hamelin, onde, por mais que se procure, nunca se encontra nem um rato, nem uma criança.

O Flautista de Hamelin
Irmãos Grimm

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A filha das Neves- Texto organizado



É com enorme prazer que venho anunciar que o vencedor da actividade "A Filha das Neves" é o aluno Luís Miguel Caetano do 6ºB.
Parabéns!!!! Obrigada pela tua participação.


Texto Organizado


Há muitos anos atrás, havia um casal cujo maior desejo era ter um filho. Todos os dias o pediam a Deus e tinham, até, recorrido aos magos para satisfazerem aquele desejo. Contudo, sem nada conseguirem, os dois viviam mergulhados na mais profunda tristeza, olhando com inveja as crianças que passavam à sua porta. O tempo ia correndo e o casal envelhecia, sem ver realizado o seu sonho, e sentindo cada vez mais pesada a sua solidão.
Um dia de Inverno, estavam eles à janela, quando viram um grupo de crianças que faziam bonecos e casinhas com a neve. De súbito, tiveram uma ideia.
- Porque não fazemos nós uma menina de neve?
Desceram logo à rua e, depois de juntarem uma grande quantidade de neve, começaram a modelá-la com toda a paciência. A boneca ficou tão perfeita que todos se extasiavam ao olhá-la. Ainda não tinham dado os últimos retoques, quando, para seu grande espanto, a boneca se começou a mexer. A "filha das neves" tinha vida! Levaram-na então para casa e passaram a tratá-la com todo o cuidado e ternura, vivendo muito felizes a partir daquele dia.
Entretanto, a menina foi crescendo rapidamente, até se transformar numa bela mulher. A sua beleza era, de facto, tão extraordinária que todos os que a viam logo se apaixonavam pela donzela. Mas ela teimava em não aceitar nenhum dos seus pretendentes. Os pais passaram a ser constantemente assediados por jovens que lhes pediam a mão da filha, mas a todos ela rejeitava, para grande contentamento dos pais que receavam perdê-la.
Um dia, porém, chegou ao povoado um mancebo muito rico e poderoso, que ela se dispôs a aceitar. E a data do casamento foi marcada para a Primavera, iniciando-se logo os preparativos. Finalmente, o dia da boda chegou, um dia ameno e cheio de sol; e a "filha das neves" derreteu-se.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Valéria e a Vida- Parte I



Cabelo ao vento,
Valéria avançava no vale,
no verde vale,
Valéria.

O riacho passou perto dela, correndo de pedra em pedra, e disse bom dia. Era um riacho muito bem-educado.
E Valéria respondeu: – Bom dia, amigo Riacho! – e perguntou:
— Quem sujou as tuas águas que eram tão claras quando eu tinha cinco anos e ia à escola pela primeira vez? Quem foi?
E o riacho, de pedra em pedra correndo, contou que todas as fábricas da região ali deitavam mercúrio, cobre, zinco, chumbo, todas as coisas ruins que estragavam as suas águas.
— Eu sei! — disse Valéria. — Tu estás poluído, amigo Riacho; os homens que fizeram isso são ignorantes, a tua água já não vai servir para beber, os teus peixes vão ficar doentes, as plantas e as árvores que tu regas não podem ser felizes.
E os peixes subiram à tona do riacho e disseram a Valéria:
— Sim, nós estamos doentes.
E as plantas curvaram as suas cabecinhas floridas e disseram a Valéria:
— Sim, nós estamos infelizes.
Foi então a vez de as árvores agitarem os ramos e os frutos e dizerem a Valéria:
— Nós também não somos felizes.
E Valéria contou pelos dedos das mãos: por causa do chumbo, do chumbo e do mercúrio, do mercúrio e do zinco, do zinco e do cobre, dos produtos químicos, e dos homens que não sabem o mal que estão a fazer.
Depois do riacho, dos peixes, das plantas e das árvores, foi a chuva quem disse a Valéria:
— Eu também estou poluída; vim do mar, do grande mar, que está poluído pelo homem. Mil espécies de peixes já desapareceram e quase 20000 correm o perigo de desaparecerem. E agora até existe outra poluição porque os navios encheram os oceanos de garrafas de plástico.
— De garrafas de plástico?
— Sim. O Oceano Pacífico está cheio de garrafas de plástico que serviram para refrigerantes e que são lançadas ao mar. São milhares de garrafas que ficam a boiar. E lá no fundo, onde antigamente havia lindos recifes de corais, encontra-se chumbo, mercúrio; os peixes não resistem, Valéria; se os homens não tiverem juízo, o mar pode morrer e os homens não podem viver sem o mar…
— Os homens não podem viver sem o mar — repetiu Valéria — e também não podem viver sem o ar que devia ser transparente mas também está poluído.
— Claro que estou poluído — confirmou o ar. — As chaminés das fábricas, os automóveis, os aviões têm-me poluído de tal maneira que qualquer dia não tenho oxigénio suficiente para a respiração das plantas, dos animais e do próprio homem.
Depois do riacho, dos peixes, das plantas e das árvores e da chuva que falou do mar, e do ar que soprou as suas verdades, foi um pato que tinha vindo da Dinamarca que contou a Valéria que na sua terra havia cento e cinquenta mil caçadores que tinham cento e cinquenta mil espingardas e enchiam a Natureza de chumbinhos…
O pato explicou:
— Os meus amigos gansos, os meus camaradas marrecos e os meus irmãos patos engolem os chumbinhos que encontram na terra, misturados com pedras pequenas, e os chumbinhos, aos poucos, envenenam as aves; e se um dia os caçadores caçarem as aves, também podem ser envenenados ao saborearem o jantar…
— Os homens não sabem o que fazem — disse mais uma vez Valéria. —É preciso que todas as crianças do mundo, que serão os homens do futuro, salvem a Natureza. — Salvem os rios, os riachos, os lagos e as lagoas, os peixes e peixinhos, os corais, os mariscos, todas aquelas coisas vivas e lindas com conchas e conchinhas, o mar, o grande mar, que leva os barcos e beija a praia, o ar, o oxigénio, o vento as nuvens, a chuva, os marrecos, os patos e os gansos, e todos os pássaros e todos os homens, e Valéria e todas as Valérias do mundo.
Foi então que o solo contou os seus problemas:
— Derrubaram as minhas florestas, queimaram a vegetação, colocaram herbicidas nas minhas folhas (sou ainda verde, mas por quanto tempo?), mataram os insectos; as vacas comeram a erva, e o leite ficou envenenado; as crianças que beberam o leite estão doentes. Assim não podemos continuar, pois não, Senhora Galinha?
E a galinha que estava a debicar as folhas e folhinhas nas pedras e nas pedrinhas disse logo que não; os seus ovos já não eram tão bons e os cereais também não e as verduras também não.
Valéria sabia que nenhum deles mentia porque a Natureza nunca mente e que era preciso escrever para as crianças do Brasil que escreveriam para as de Portugal para que escrevessem para as da França que escreveriam para as da Rússia para que escrevessem para as da Índia – que escreveriam para as do Japão para que escrevessem para as da China – que escreveriam para as da Inglaterra, da Itália, da América, de todos os cantos e recantos do mundo, porque era preciso que todos os meninos – meninos brancos, meninos pretos, meninos amarelos, (e as meninas também, é claro) – soubessem que a vida estava em perigo e era preciso salvar a vida.

Sidónio Muralha, Valéria e a vida, edições Gailivro

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

As quatro estações



Era uma vez um rei chamado Sol. Todos o conhecem. Todos o estimam.
Poderoso, os seus raios são espadas. Majestoso, os seus raios são de ouro e mais do que todo o ouro valem. Generoso, os seus raios são fios de vida.
Poderoso, majestoso e generoso era este rei, mas tinha um grande desgosto – os seus quatro filhos davam-se muito mal uns com os outros.
Chamavam-se os quatro irmãos, por ordem de idade,a começar pelo mais novo: Primavera, Verão, Outono e Inverno. Bulhavam constantemente, porque todos queriam, à uma, governar a Terra. Ora isto não podia ser.
Assim pensando, o rei Sol decidiu que cada um deles governasse por sua vez, durante um certo tempo. As ordens de um pai, para mais rei, e ainda por cima Sol, têm de se cumprir.
O Outono não gostava desta partilha. Queixava-se de que lhe não davam tempo… Ainda estava ele a arrumar e a alindar a casa, pintando tudo da cor púrpura, em tons e meios-tons amarelos doirados, e já o Inverno lhe batia à porta. Então o Outono tinha uma birra e arrancava as folhas das árvores, algumas ainda por pintar…
Saía o Outono com lágrimas nos olhos e entrava o Inverno.
— Em que desordem isto está — exclamava ele, irritado. E punha-se a varrer. Varria com tanta força que fazia vento. Depois lavava, em grandes bátegas, caídas do céu… As sementes e os grãozinhos, que o Outono deitara à terra, assustavam-se:
— Iremos nós também na cheia? — perguntavam uns para os outros.
O Inverno ouvia-os e dizia-lhes:
— Sosseguem! Durmam descansados. Vai tudo dormir um longo sono. Assim tem de ser.
E tão carinhoso ele era que cobria os lugares mais desprotegidos da terra com um manto branco de neve.
Lá fora, a Primavera impacientava-se. Não tinha feitio para suportar os vagares do irmão. Às vezes, não se continha que não perguntasse pela frincha da porta:
— Já posso?
Ainda era cedo, mas só de lhe ouvirem a voz, as primeiras flores rompiam a terra.
Então, quando ela chegava, era uma festa. Corria a Primavera de lés a lés e não havia ervinha, folha, haste, flor que não quisesse dançar com ela. Era uma enorme roda de alegria.
Mas a folgança não podia continuar sempre. Cansada do bailarico, a Primavera dava de bom grado o seu lugar ao Verão.
— Vamos trabalhar — dizia ele, assim que chegava.
E trabalhava-se, pois então! Os grãos e os frutos amadureciam. As flores arrecadavam tesouros. Nas tocas, nos ninhos, nos cortiços e por toda a parte, as palavras de ordem eram: trabalhar, colher, guardar.
Enquanto, nas praias, uns gozavam as férias, outros, no campo, não tinham descanso.
— O essencial fica feito. Deixo os retoques ao cuidado do meu irmão Outono — dizia o Verão, à despedida.
Lá vinha o Outono, com pincel e tintas apurar as cores. Achava sempre que merecia mais tempo. São tantas as tonalidades, do verde-escuro ao castanho, do laranja ao vermelho… Não se pode fazer obra asseada quando se sente os passos do Inverno a aproximarem-se. Que nervos!
Sorrindo no seu trono, o Sol acompanhava a obra dos seus quatro filhos. Descansa. Eles estão a dar muito boa conta de si.
E o Sol, risonho, ainda mais resplandece.


António Torrado

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Um caso de papirofobia



Ao sair de casa, naquela manhã, Leopoldo sabia que já não voltaria atrás. O dia anterior tinha sido o do seu aniversário e tinha sido um dia tristíssimo. Tinha pedido como prenda uma coisa que queria havia já tanto tempo: umas sapatilhas, uma vez que apesar de viver na cidade, gostava imenso de correr. Quando corria sentia o ar bater-lhe na cara e sentia-se feliz. Porém, tinha poucas ocasiões para correr. Tantos dos seus colegas de escola, aos fins-de-semana, iam com os pais para o campo, mas ele não. Nem o pai nem a mãe gostavam de sair da cidade; assim, todos os seus tempos livres eram passados em casa a ler.
Desde que nascera que, pelo seu aniversário, não tinha recebido senão livros. Primeiro, livros fofos de pano, depois, livros com grandes desenhos e poucas palavras, depois ainda livros, mas com muitas palavras e poucos desenhos. Da sua cama, ao erguer o olhar, não conseguia ver senão estantes cheias de livros, não havendo sequer um que ele tivesse desejado.
No ano anterior, a mãe preocupada com os seus péssimos resultados escolares, tinha-o inclusivamente levado a um psicólogo. Este tinha-lhe feito imensas perguntas, tinha-o feito brincar com uns cubinhos de plástico e depois, no fim, tinha dito:
- Papirofobia, mais um caso de papirofobia.
- Papirofobia?! – tinha repetido a mãe, alarmada, e aí o psicólogo tinha-lhe explicado que se tratava de um problema recentíssimo e em rápida expansão: os primeiros casos tinham sido registados nos Estados Unidos dez anos antes e, de lá, como uma epidemia invisível, tinha invadido o mundo civilizado.
- A culpa, minha senhora – dissera ele, enquanto os acompanhava até à porta -, é da televisão, dos jogos de vídeo. Tire-lhos, obrigue-o a ler, a usar a cabeça e em poucos meses hão-de notar-se incríveis melhoras.
Ao ouvir tais palavras, Leopoldo bem gostaria de protestar mas, mesmo que o tivesse feito, teria sido completamente inútil porque, entretanto, já se encontravam no patamar e o psicólogo tinha desaparecido atrás da porta.
- Mas eu pouca televisão vejo. – dissera Leopoldo ao entrar para o carro.
- Ouviste o psicólogo, não ouviste? – respondera a mãe. Vê-se que até esse pouco te faz mal.
- E nunca tive um único jogo de vídeo!
-Eu sei lá o que tu fazes na escola! Se calhar, em vez de estudares, passas horas e horas agarrado aos jogos dos teus colegas. – dissera a mãe encolhendo os ombros.

Susanna Tamaro, "O Menino que não gostava de ler", Editorial Presença

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A filha das Neves


O texto que a seguir te apresento tem os parágrafos desordenados. Tenta organizá-los e envia a tua proposta para:


cleitura@gmail.com


1 - Porque não fazemos nós uma menina de neve?

2- Um dia de Inverno, estavam eles à janela, quando viram um grupo de crianças que faziam bonecos e casinhas com a neve. De súbito, tiveram uma ideia.

3- Levaram-na então para casa e passaram a tratá-la com todo o cuidado e ternura, vivendo muito felizes a partir daquele dia.

4- Um dia, porém, chegou ao povoado um mancebo muito rico e poderoso, que ela se dispôs a aceitar. E a data do casamento foi marcada para a Primavera, iniciando-se logo os preparativos. Finalmente, o dia da boda chegou, um dia ameno e cheio de sol; e a "filha das neves" derreteu-se.

5- Há muitos anos atrás, havia um casal cujo maior desejo era ter um filho. Todos os dias o pediam a Deus e tinham, até, recorrido aos magos para satisfazerem aquele desejo. Contudo, sem nada conseguirem, os dois viviam mergulhados na mais profunda tristeza, olhando com inveja as crianças que passavam à sua porta. O tempo ia correndo e o casal envelhecia, sem ver realizado o seu sonho, e sentindo cada vez mais pesada a sua solidão.

6- Entretanto, a menina foi crescendo rapidamente, até se transformar numa bela mulher. A sua beleza era, de facto, tão extraordinária que todos os que a viam logo se apaixonavam pela donzela. Mas ela teimava em não aceitar nenhum dos seus pretendentes. Os pais passaram a ser constantemente assediados por jovens que lhes pediam a mão da filha, mas a todos ela rejeitava, para grande contentamento dos pais que receavam perdê-la.

7- Desceram logo à rua e, depois de juntarem uma grande quantidade de neve, começaram a modelá-la com toda a paciência. A boneca ficou tão perfeita que todos se extasiavam ao olhá-la. Ainda não tinham dado os últimos retoques, quando, para seu grande espanto, a boneca se começou a mexer. A "filha das neves" tinha vida!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Está oficialmente a funcionar!

Olá amiguinhos!
Depois de uma pequena ausência, estamos de volta.
A partir de hoje o nosso Clube de Leitura on-line vai começar a ter novidades diárias, excepto ao fim-de-semana.
Desafio-te a enviares para o nosso e-mail excertos de textos de obras, contos, lendas, fábulas que tenhas lido e que queiras partilhar com os teus colegas e fãs do nosso Clube de Leitura. Podes enviá-los para:

cleitura@gmail.com

Fico à espera.

Até amanhã!!!!